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Foto do escritorFlávio Martins

O momento Waldo e a política brasileira


NUMA NOITE COMUM, como qualquer outra, sentei no sofá e comecei a procurar o que assistir. Coloquei numa série de ficção científica (Black Mirror), disponível na Netflix, até que assisti ao episódio MOMENTO WALDO. Nesse episódio, Jamie Salter é um comediante falido que executa a voz e os movimentos (por intermédio de um manipulador remoto) de um urso azul de desenho animado chamado Waldo, que entrevista políticos e outras figuras de autoridade, de forma jocosa, irônica e, na maioria das vezes, agressiva. O sucesso é retumbante. Os produtores decidem colocar Waldo na lista de candidatos da cidade de Buckinghamshire. O urso azul faz pronunciamentos públicos, é entrevistado em programas de TV e participa até de um debate com os demais candidatos. A postura do urso é sempre agressiva, sem quaisquer propostas concretas. Diante de alguma pergunta complexa, a resposta era sempre ofensiva, grosseira e, muitas vezes, escatológica, com a exposição de seu genitália azul.


O QUE VOCÊS ACHAM QUE OCORREU? O sucesso foi retumbante. Em poucas semanas, Waldo passou a disputar a eleição, ao lado do político favorito. Não contarei o final, para não dar spoiler.


ESSE CENÁRIO é fácil de ser explicado, mas difícil de ser resolvido. O cientista político Yacha Mounk, no livro “O Povo contra a Democracia” escreveu: “até há pouco tempo, a democracia liberal reinava absoluta. A despeito de todas as suas deficiências, a maioria dos cidadãos parecia profundamente comprometida com sua forma de governo. A economia estava em crescimento. Os partidos radicais eram insignificantes. Então o futuro chegou — e se revelou, na verdade, bem diferente.

A desilusão do cidadão com a política é cada vez maior e; hoje em dia, ele está cada vez mais inquieto, raivoso, até desdenhoso. Na Turquia e na Venezuela, por exemplo, governos populistas promoveram melhoras econômicas reais no primeiro mandato e foram reeleitos com folga. Mas, pouco depois, suas medidas imediatistas passaram a sair pela culatra e a repressão à oposição se tornou cada vez mais cerrada. Quando a popularidade desses governos caiu, esses populistas haviam efetivamente desmantelado os mecanismos de controle independentes. Os defensores da democracia liberal estavam, apesar do empenho, incapacitados de impedir que seus países degringolassem rumo à ditadura”.


ESPERO ESTAR ERRADO, mas creio que teremos cada vez mais “Waldos” e, na medida em que os “ursos azuis” forem surgindo, eles vão aumentar seu grau de agressividade, rispidez, escatologia. E vão agradar muito, pois não precisam propor nenhum projeto substancial. Bastam oferecer soluções fáceis (o conceito de populismo é apresentar soluções fáceis para problemas complexos) e desconstruir o regime político vigente (que, convenhamos, é muito ruim).


HÁ SAÍDA? Há, mas é difícil de implantar. No meu PORTAL DE MATERIAIS, coloquei as principais páginas do livro mencionado acima, com as possíveis soluções para esse problema. Se você não é eleitor do WALDO, a LEITURA É OBRIGATÓRIA! Responda esse post com a palavra MATERIAL, que eu mando o link para você.


Prof. Flávio Martins

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